Migração de Jovens

Migração de Jovens.

Que desafios à sustentabilidade social?

O conceito de desenvolvimento sustentável, define-se por assentar num modelo económico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades.

Em cada ciclo, numa sociedade de conhecimento e devidamente esclarecida, a discussão para uma alternativa de poder, centrar-se-ia mais em redor das estratégias para a sustentabilidade do sistema que em promessas, não sustentáveis pelo modelo, temporalmente esquecidas.

O conceito comporta, entre outros, aspetos ou dimensões principais, que viabilizam a Sustentabilidade, a saber:

Sustentabilidade Social – Melhoria da qualidade de vida da população, equidade na distribuição de renda e diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular.

Sustentabilidade Económica – Os agentes públicos e privados, deverão regularizar o fluxo dos investimentos, a compatibilidade entre padrões de produção e consumo, o equilíbrio de balanço e dos pagamentos e os acessos à ciência e tecnologia.

Sustentabilidade Ecológica – O uso dos recursos naturais para minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida, redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental.

Sustentabilidade Cultural – Respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais.

Sustentabilidade Espacial – Equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada.

Sustentabilidade Política – A evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos.

Sustentabilidade Ambiental – Conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social. Abarca todas as dimensões anteriores através de processos complexos.

Em consequência da atual insustentabilidade, vivemos novamente o fenómeno social da Diáspora, esta de dimensões extremas e à escala mundial, que nos obriga a questionar sobre o modelo que criámos. O momento que se vive, fará aportar à discussão, pela simples constatação, que este é, socialmente perverso com uma geração de pobreza e de extrema desigualdade social, politicamente injusto com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito pelos direitos humanos.

Exige-se uma reflexão profunda, quer quanto à sua origem, mas principalmente no que concerne aos efeitos perniciosos que o desvio do sistema produtivo nacional, destas novas gerações, há-de, num futuro próximo, causar na sua sustentabilidade.

A emigração em Portugal, entre 2013 e 2014, estabilizou em alta, na casa das 110 mil saídas ano, valores só antes observados nos anos 1960/70.

Um país que vê partir a sua população ativa e com nível de formação médio/superior, sofre demograficamente, pois perde importantes efetivos populacionais, ou seja, há uma diminuição da sua população absoluta, do seu valor e da densidade populacional.

Acentua-se o envelhecimento da população e um desequilíbrio social entre os sexos, pela predominância de população mais idosa.

Consequentemente, como a população se torna mais idosa, haverá uma diminuição da taxa de natalidade, um aumento da taxa de mortalidade e ainda uma diminuição da taxa de crescimento natural.

A perda de recursos jovens traduz-se também numa diminuição da população ativa que pode ocasionar igualmente a estagnação da economia, uma vez que haverá falta de mão de-obra para trabalhar em certos sectores de atividade.

Em consequência, sempre resultará a tal redução “natural” dos índices de desemprego.

Os tempos são outros e o enraizamento consolidado da nova diáspora, bem assim como a prática de vida e de consumo, das gerações atuais, não confirma a entrada de remessas ou divisas enviadas pelos novos emigrantes.

Para as gerações de migrantes jovens, mais bem preparados, que levam na bagagem conhecimentos técnico científicos e de língua, a integração no novo espaço de vivência, embora sendo um desafio, está bem longe das histórias difíceis das vagas da diáspora portuguesa, ocorridas nos anos 60 e 70. A facilidade de deslocação, principalmente no espaço Europeu, onde a circulação de pessoas e bens, se desenvolve sem restrições, a moeda única e a dinâmica da Portugalidade já residente, basta para diferenciar as condições desta nova Diáspora.

Como já aqui referi, a sociedade portuguesa está em permanente reflexão e sujeita temporalmente à análise critica dos cidadãos.

Todavia, observamos o seu continuado distanciamento critico e das instituições que terão por missão encontrar uma estratégia de sustentabilidade adequada que se renova temporalmente nesse compromisso.

Mais que a liberdade conquistada, ou outras opressões abolidas, é a sustentabilidade social que nos preocupará.

Como fazer prevalecer a qualidade de vida dos mais idosos, dos mais pobres, na ausência de uma geração que nos renove?

Ainda a ausência de uma geração que contribua para a sustentabilidade do sistema contributivo?

Esta é uma discussão que se exige, de forma a que se construa e se consolide um novo modelo estratégico para a sustentabilidade Social.

Pedroso Leal
CEO PL
SOLICITADOR
AGENTE DE EXECUÇÃO